Frustrações Cotidianas

 

Frustrações Cotidianas



Faz algum tempo desde que eu desisti do WIL e de postagens do blog. Não tenho dúvidas de que o público que alcanço aqui é inexistente e que minhas palavras alcançam mais a mim mesma do que qualquer outra pessoa. São desabafos, afinal. Se alguém lê ou não, não é importante.

No ano de 2011, decidi que usaria minha escrita como válvula de escape para minhas frustrações. Criei histórias baseadas em obras que já conhecia, desenvolvendo uma paixão por aquilo. Arranjei uma maneira de dar vida à cenas que existiam apenas na minha cabeça. As coisas ruins da minha vida foram perdendo a importância a cada nova história criada. Me apaixonei perdidamente, sem saber onde estava me metendo.

Minhas histórias não possuem tanto reconhecimento. Nunca foi meu objetivo tornar isso uma profissão, já que ganhar dinheiro com minha escrita seria algo impossível. A pressão acabaria comigo, e eu perderia o gosto por algo que tanto me faz bem. Tudo o que faço costuma ser postado na internet e/ou compartilhado com amigos próximos. De toda minha família, apenas duas pessoas apoiam o que faço, mas só uma delas leu algo que escrevi. Não são meus pais, nem meu irmão, nem ninguém que eu achei que estaria lá por mim, como na música de Friends.

Passei quase dez anos não me importando com a falta de reconhecimento de um público ou de pessoas próximas. Se escrevo, é para mim, principalmente. Então, por que ligar? Eu vou me divertir escrevendo. Vou me divertir lendo depois. Eu vou ficar feliz, eu vou ficar bem. É minha história.

As histórias não eram mais só minhas. Palavras foram dedicadas à pessoas importantes, horas do meu tempo foram usadas para que outra pessoa ficasse feliz, e não eu. Era gratificante fazer alguém feliz com o pouco que consigo fazer; na verdade, ainda é. O que há de errado, então? Afinal, há algo errado?

Eu acredito que não. Mas depois de quase dez anos? As coisas mudaram...

O que um escritor quer receber após escrever uma história? Dinheiro? Elogios? Não, ele quer que você leia a história dele e diga o que achou. Ao menos, funciona assim pra mim. Ás vezes eu não quero ouvir que foi incrível e que você amou. Ás vezes, ou quase sempre, eu quero ouvir o que fez você gostar da história. Qual foi a parte divertida? O que você sentiu quando leu tal cena? Consegui transmitir o sentimento certo? Ás vezes penso que nunca vou saber.

Eu sou grata por qualquer pessoa que pare um pouco do seu tempo para ler algo que escrevi. É a melhor coisa que poderia acontecer, e deveria ser suficiente. Não quero implorar para que um amigo leia logo a história que virei a noite pra escrever, e nem que diga qual foi sua parte favorita e se tal parágrafo ficou bom. Não é justo pedir isso. Também não é justo pedir ao leitor que diga o que achou depois que leu a história. Quem quiser falar, vai falar. Quem quiser ler, vai ler, no tempo dela.

Então, o que há de errado? A resposta é óbvia: eu.

O problema sou eu que sempre coloco expectativas altas naquilo que escrevo. Depois que passei a ter alguns feedbacks na internet, senti que era isso que fazia meu trabalho valer a pena. Me perdi do que era para ser isso: um hobby. Mas sabe? Eu ainda amo escrever e não pretendo parar. Ei, isso aqui não tá parecendo um "WIL: Escrita"? Não, não... é um desabafo sobre frustrações. 

Agora, diga-me. Como eu deveria me sentir feliz, quando a minha válvula de escape das frustrações cotidianas acabou se tornando uma frustração cotidiana?

Ultimamente, minhas histórias falam sobre estar completo. O protagonista encontra sua figura protetora, que reconhece o bom trabalho que faz e o apoia, independente de qualquer coisa. Eu tenho pessoas assim em minha vida, eu juro. Será que elas perceberam que eram a inspiração? Eu escrevo sobre coisas que me fazem falta, mas também sobre as que tenho. 

Tentarei melhorar e não esperar muito. Agora, dói bastante pensar em certas coisas. Vai passar, não vai? Espero não ter passado uma impressão errada a você (sério que tem alguém lendo?).

Eu só queria ter em minhas mãos uma camélia vermelha.


 Na Sombra da Cerejeira, capítulo 3.



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